Se penso, sinto. Se sinto, logo escrevo...

terça-feira, 29 de maio de 2012

Aprendizado


Ela era tão nova, tão pequena, mas já havia aprendido muito dessa vida.
Aprendeu a perceber que às vezes o dodói pode demorar a sarar, mas sara.
Aprendeu que o tempo não conforta de imediato, mas restaura.
Aprendeu que no final de qualquer esforço o coração sempre acaba falando mais alto.
Aprendeu que a procura muitas vezes tem a ver com a falta
E que a falta não necessariamente repercute em procura.

Ela era tão nova, mas mesmo assim já havia aprendido muitas coisas
Aprendeu a amar
Aprendeu a chorar
Aprendeu a sorrir
Aprendeu a se despedir.

Enfim, Ela havia aprendido a se doar
Aprendeu a se doer.



Saudades daquele inverno que um dia aqueceu meu coração...
tempos lindos... tempos findos.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Há dias em que dar “bom dia” me desgasta
Sorrir é um desconforto
E ser gente me consome.

Há dias em que o verbo Ser é incontestavelmente insuportável.
E eu que no jardim da vida muitas vezes já fui flor
Nesses dias
Escolho apenas ser espinho.


Raquel Faria.

sexta-feira, 16 de março de 2012

“Louvável são os amores de lógica incondicional.
Que resistem à rejeição e a expectativa frustrada, e mesmo assim mantêm-se ali firmes em sua própria essência como flores do Agreste que resistem as agruras e ao solo seco.
Louvável esses amores.”


 Raquel Faria

domingo, 4 de março de 2012



Vá menina, prossiga.
Inebria-te
Inebria-te
Veste-se de luz e cor 
 Segue, vai ganhar a vida...


Raquel Faria.

Engrenagem

Desconhecido.

Eu latejo em letra
Eu sangro em prosa
Eu pulso em verso
Porque escrever é a engrenagem que me faz viver...

 
 
Raquel Faria.

Janelas

Por Edward Hopper, Morning Sun
                                                           
Janelas são portas
São portas que se abrem
Portas que se fecham
São portas que levam-nos a um encontro com a Alma
A um encontro com o que não é sabido mas está lá
Janelas nos levam a um encontro com o próprio amor.

Dá janela eu me despedi várias vezes
Eu sorri
Eu suspirei
Eu acenei

E vi o amor passar
Da janela eu vi o meu amor voar...

Raquel Faria.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Rotina

Por Mickhail Vasilyevich

“Todo dia, ao acordar pela manhã ela se vestia com uma nova aura de esperança. Como se no começar de um novo dia pudesse ali escrever uma nova história, colocar uma nova esperança. Então ela olhava para Deus e pedia matinalmente que daquela vez, só daquela vez, as vontades se coincidissem. Em seqüência penteava os seus cabelos, passava o seu batom, seu perfume, maquiava-se e saia para tomar o seu café. Depois ela fazia uma prece e logo saia para tirar a poeira da palavra amor *... Todos os dias.”


* Paráfrase de Clarice Lispector.


Raquel Faria.

Permanência




Desconhecido

“Ela já não o reconhecia mais, e até certo ponto recusava e se negava e reconhecê-lo, a aceitar sua existência, ou, diga-se de passagem, sua persistência. Mas Ele ainda estava lá... Pequenininho, singelo, presente, latente... Ele estava lá pra mais uma vez ludibriar, para enfeitiçar, para enlaçar, revigorar.

E como se sabia? Ah... Sabiam-se todas as manhãs; na faceira memória que sorrateiramente insistia em relembrar tempos findos; no pensar, na esperança que se confundia em fé, no se arrumar.
Sabia-se na leitura de um horóscopo diário que nem ao menos era o seu.

Ah... O amor, Ele ainda estava lá.


Raquel Faria.